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Tempo para dialogar

Fernando Henrique Ferreira Dantas
Filósofo. Humanista. Ativista Social. Subcoordenador
da Rede de Juventudes do Seridó.

O diálogo é um ato difícil. Não porque falar do que pensamos e sentimos seja, necessariamente, complicado. Difícil é conseguir ouvir.

Ouvir com o coração, como diz um ditado, é estar disposto a interagir com quem dialogamos a ponto de absorver o que vem da outra parte. Não é necessário concordar com tudo. Mas, antes de emitir uma opinião ou partir para o falatório, é primordial deglutir, saborear e respeitar as palavras do outro. Sem isso não há diálogo. Aos montes observa-se falsos diálogos, em que apenas uma parte fala e a outra concorda, ou finge concordar para encurtar a conversa.

O ser humano trilhou um longo caminho até desenvolver uma de suas mais importantes habilidades, a qual veio a contribuir significativamente para a sua sobrevivência: a capacidade de falar.

Embora todos os animais possuam sua própria linguagem, o homem foi o único espécime na face da Terra que conseguiu incorporar noções abstratas e simbólicas na sua, o que o permitiu desenvolver um raciocínio que transcende sua própria existência. Assim, de todos os seres vivos, o homem foi o único que desenvolveu uma linguagem com noções suficientemente complexas para indagar “Para que existo?”, “De onde vim?” e “Para onde vou?”.

O grande desafio da humanidade neste século é criar a cultura do diálogo. A falta dele gera situações muito conhecidas: discussões, desarmonia, intrigas, desavenças, violência e até guerras. O diálogo é uma conquista humana, e não vemos na natureza outro animal capaz de dialogar. É o ápice da evolução da comunicação e do poder da linguagem humana.

Depois de ouvir bem, fale melhor ainda. Eis o segundo ingrediente para um bom diálogo. A fala humana é cheia de nuances, e palavras mal colocadas podem arruinar um diálogo.

Na verdade, a escolha é mais do que óbvia. Mas ainda resta muito para que as pessoas, povos e nações conscientizem-se de que o diálogo deve estar embasado na criação da empatia e objetivar não o aprofundamento das diferenças, mas sua aceitação. Dialogar é uma arte; difícil e complexa como qualquer outra. Por isso é preciso exercitá-la a cada instante. Todo contato humano é uma oportunidade de treinar essa arte tão enriquecedora. Não desperdice chances. Treine o diálogo. Sempre.


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