Foto: Ateliê 15
Pe. Manoel Pedro Neto
(Presidente da Cáritas Diocesana de Caicó)
Num mundo tão desafiador, onde a pessoa humana é vista como “não contável”, excluídos em guetos, favelas e periferias. Esta violência cria as demais que experimentamos. É urgente aproximar-se da sarça que não para de queimar (cf. Ex 3,3) e como cristão fazer ecoar a Boa Nova, tão urgente e esperada por todos os incluídos. Esta foi assumida por Jesus ao viver e conviver com os negados da Galileia no inicia da Era Cristã. Deste “monte” quis olhar a as multidões e ensinou aos seus discípulos perspectivas inconcebíveis para a cultura social, política e religiosa envolvente. Viu os pobres lutando com “unas e dentes” para fazer acontecer um mundo mais humano. Presenciou a multidão da aflitos construindo em mutirão a solidariedade. Sentiu como os mansos, os não violentos vão possuindo a terra. Presenciou como os negados de todos os direitos respeitam os direitos dos demais. Admirou-se de que o homem definido como racional, age fortemente pelo coração. A misericórdia é primordial nas relações, qualificando o homem promotor da Paz e Filho de Deus. Tomando para si esta realidade foi contracorrente ao habitual e assim passível de perseguição, isto é parte da opção pelos os “negados da sorte” de ontem e de hoje. Contudo isto não nos leve a frustração pessoal nem negação da luta, mas ao alegrai-vos e exultai, pois o fruto de tudo isto é um mundo mais humano e solidário.
É urgente concretizar o Reino dos céus e todos são convidados a entrar na Mesa de Eucaristia, ninguém de fora, ninguém em exclusão. O Papa Francisco na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate diz: “Gosto de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e nas mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas que continuam a sorrir. Nesta Constância de continuar a caminhar dia após dia, vejo a santidade da Igreja Militante” (GE 7). Na mesma exortação o Papa convida-nos: Deixemo-nos estimular pelos sinais de santidade que o Senhor nos apresenta através dos membros mais humildes deste povo que “participam também da função profética de Cristo, difundindo o seu testemunho vivo, sobretudo pela vida de fé e Caridade” (cf. LG 12). Os Bispos do Brasil no Documento 105 afirmam: “Os cristãos leigos e leigas que vivem sua fé no cotidiano, nos trabalhos de cada dia, nas tarefas mais humildes, no voluntariado, cuja vida está escondida em Deus, são o perfume de Cristo, o fermento do Reino, a glória do Evangelho. Eles se santificam nos altares do seu trabalho: a vassoura, o martelo, o volante, o bisturi, a enxada, o fogão, o computador, o trator. Constroem oficinas de trabalho e oficinas de oração” (CNBB, Doc. 105, no. 35).
Como cristãos, especialmente os católicos, somos chamados a olhar as multidões brasileiras nesta perspectiva, resgatando a fé. “O Justo viverá pela fé” (cf. Hb 2,4; Rm 1,17; Hb 10,38). Multidão imensa, lavando e alvejando suas roupas no sangue do Cordeiro (cf. Ap 7,9; 14) e assim qualificando-se a ser chamados de filhos de Deus, apesar da realidade obscura (cf. I Jo 3,1; 2). Com Papa diremos: A SANTIDADE É O ROSTO MAIS BELO DA IGREJA.