
Imagem: Ateliê 15
Pe. Manoel Pedro Neto
Tesoureiro da Cáritas Caicó
Eclo 27,5-8; Sl 91; I Cor 15,54-58; Lc 6,39-45
Desde o sexto Domingo do Tempo Comum, vivido em 17.fev.19, a Igreja tem apresentado o capítulo 6 do evangelho de Lucas, chamado “O Sermão da Planície” (cf. Lc 6,17). Aqui as coisas são botadas no chão da vida, para aqueles que optam por uma Boa Noticia, esta que nos arranque de nossos nadas sociais, que nos leve a sair das “beiradas” de nossos mares, onde curtimos negatividade. Precisamos avançar para águas mais profundas (cf. Lc 5,4).
Hoje, 03.mar.19, vamos concluir este processo e viver carnaval, pois existem chances de acerto. Vamos fazer festa, entrar na folia, pois estamos vivos. Podemos até fazer “besteira” por isso, todo o cuidado é pouco, contudo o cuidado não nos deve impossibilitar de brincar, o que temos direito. Neste oitavo Domingo Comum pediremos ao Senhor que os acontecimentos atuais decorram na paz e só assim servidores do Senhor, alegre e tranqüilo. Entretanto em Domingos anteriores foram-nos dito que num país estruturado em cima do “lucro” a qualquer custo, cria-se uma sociedade ambígua, pois uns tem tudo e vivem no luxo e na superfluidade, na vida farta e rindo na “cara” das multidões de trabalhadores torcendo-se para sobreviver com um salário mínimo e jogado em periferias. Isto é violência e gera as múltiplas violências presente em nossa brasilidade, arriscando-se a todos caírem num mesmo buraco. Isto deve nos indignar, nos envolver, e o que “eu não quero para mim, não desejo a ninguém”. Neste processo é bom resgatar o falar humano, “pois é no falar que o homem se revela”. É como diz o ditado popular: “quando um burro relincha os outros murcham as orelhas”. É urgente escutar o outro, o outro tem algo a nos dizer, sua dor precisa ser partilhada e ouvida. Temos de tirar as traves de nossos olhos para enxergar o “cisco” que arde no olho do concidadão. Saiamos de nossas mesmices imposta pela cultura envolvente que é machista, excludente, concentradora de bens e riquezas. E não aberta a viver o Mistério da Eucaristia, tão marcante da fé católica. Nosso país reclama várias REFORMAS, estamos debatendo a Reforma da Previdência, dizendo as elites da sua urgência e prioridade, mas a questão detém-se em aposentadoria de trabalhadores aos 65 anos e com 20 anos de contribuição, sem questionar as polpudas aos 40 anos de idade, e, muitas vezes, sem nenhuma contribuição a Previdência. Qual o motivo desta distorção? A boca deve falar do que o coração está cheio e muito cuidado pelas nossas cegueiras que nos levam a cair em abismos onde não escapa ninguém. Motivo principal de tudo isto e a mania de definir o bem e o mal sem escutar ninguém, inclusive os reais interessados nas reformas, o trabalhador. Este pecado tem criado mortes entre nós! A história brasileira tem testemunhado isto ao longo dos tempos. Interrogar e se deixar interrogar é fadiga útil neste processo e ninguém pode fugir, não há razão que justifique nossa inércia, e comprometido cantaremos: “COMO É BOM AGRADECERMOS AO SENHOR”.
Bom carnaval! Faz bem cair na folia, pois estamos vivos! E até o novo momento eclesial que será iniciado na Quarta-feira de Cinzas levando-nos a questionar as Políticas Públicas, tão desconectadas na realidade brasileira e tão minimizadas diante da fé bíblica que apregoa: “Sião será libertada pelo DIREITO, seus cativos pela JUSTIÇA” (Cf. Is 1,27).