
Imagem: Ateliê 15
Pe. Manoel Pedro Neto – Tesoureiro da Cáritas de Caicó
At 14,21b-27; Sl 144; Ap 21,1-5a; Jo 13,31-33a.34-35
Em nosso processo pascal chegamos ao impasse. Ao buscar o homem novo, sempre nascido dos nossos túmulos “fedorentos” estamos sendo abandonados por irmãos de muita valia. Ontem o operariado, hoje a juventude, abandona o aprisco católico. O Vaticano II respondeu como conseqüência do Ateísmo; na América Latina a causa foi atribuída a Teologia da Libertação; atualmente perdemos para as Igrejas Assembleia de Deus; e dentro da própria Igreja há perplexidade com os carismáticos e os grupinhos tradicionalistas.
A realidade está posta, muita gente boa da Igreja não caminha com a Igreja. Aqui ao meu ver temos a constatação de Jesus com a saída de Judas Iscariotes do Cenáculo. Os evangelhos falam muito mal desta personalidade! Os evangelistas querem ser aético com Judas ou reconhecê-lo como cada um de nós? Capaz de vender o Mestre por poucas moedas. Personagem importante dos Doze, o guardador da Bolsa comum, mas foi aos poucos se distanciando do Projeto de Jesus, apesar dos esforços de Jesus para tê-lo no grupo. Na ceia apresenta-lhe o melhor pedaço do pão, insiste que faço logo o que tem de fazer. Mas apesar de tanto esforço, as coisas pioram. Jesus nunca negou a presença de Judas e tinha consciência do desfeche a que chegaria. Será que a Igreja está inconsciente da realidade atual? Os fatos demonstram que não, contudo quer tomar a atitude do Senhor Jesus.
O Projeto de Jesus, assumido pela Igreja com o Vaticano II e a ação dos Pontífices que o encabeçaram e tem seu ápice em Francisco, tem sido criticado de todos os lados. As opções contrarias não tem possibilidade de desfigurar o Projeto de Jesus, pois o mesmo não é de Jesus, mas do Pai. As oposições vêm glorificar o Filho e nele o Pai. É divino não negar o opositor, mas saber que o momento é de crise, não obstante isso, é nesta e só nesta que nos definimos como homens e nos fazemos cristãos. Aqui as múltiplas leis judaicas, inclusive a circuncisão, o descanso sabático, pouco conta. O próprio Jesus é ultrapassado, pois sua proposta implica o amor a Deus e ao próximo, mas esta última destinação do mandamento vai ser deixado de lado e a atitude por excelência é configuração ao próprio Jesus. Não existe lei sagrada, não tem “carta Magna”, nem direitos tais ou quais, nem muito menos Reforma assim ou assado. Tudo é relativo, a força maior é Amar, como Jesus nos amou. Amar, como Jesus amou, define profundamente o Discípulo de Jesus. Urge criar relações onde cada homem tem identidade pessoal e os diferentes são riquezas, dons de nosso Deus.
Assumindo este Projeto somos Discípulos Missionários e sabemos que a vida cristã é uma luta que requer muita disposição. Todos os desafios serão ultrapassados e neste processo precisamos ser encorajados e exortados a fidelidade, pois “um novo céu e uma nova terra” já começa a acontecer de nossas pequenas relações baseadas no amor. O mundo novo que sonhamos já começa a acontecer, a partir de pequenas atitudes cidadãs, aqui até um “copo de água” dado ao irmão, abre possibilidade de futuro democrático e solidário. Envolvido neste mistério cantamos: “Bendito o vosso nome, o meu Deus, meu Senhor e meu Rei para sempre” deste modo confiante na nossa filiação, cremos que em Cristo nos será concedido verdadeira liberdade e herança eterna.