
Imagem: Ateliê 15
Pe. Manoel Pedro Neto – Tesoureiro da Cáritas de Caicó
Nestes últimos tempos a Igreja católica liturgicamente tem nos colocado diante do KERYGMA, o grande “rasgo” da fé cristã. Jesus, o Filho Amado, é morto numa cruz, jogado num túmulo, impossível de saída até da “catinga”. Contudo, desta situação no qual foi colocado é chamado a elevar-se até o céu. O céu, ultrapassar-se até o divino, viver nossa humanidade intensamente é a possibilidade de todo homem que se amolda ao EVANGELHO de Jesus Cristo. Neste ascender-se, Jesus não reteve nada para si, mas preencheu todos os vazios humanos, quer históricos, sociais, eclesiais, e etc. Como o Pai na primeira criação; “repousou de toda obra que fizera” (Gn 2,2). O mesmo podia retira-se o seu Projeto estava em “boas mãos”. O Senhor Jesus invade toda as realidades humanas, apesar das múltiplas fechamentos por medos de seus discípulos. É preciso recuperar a PAZ, que não se faz fugindo da realidade, mas com mãos calejadas na luta, sabendo-se enviado pelo próprio Senhor, e acima de tudo, pelo perdão dos pecados. Nada de revanche, mas envolvimento no Espírito de Jesus.
A mãe Igreja retomando este processo quer celebrar o seu “despejamento” sobre todo o universo e assim “os galileus”, pessoas excluídas das “rodas” culturais, sociais, religiosas são qualificadas a falar de coisas só cabíveis para as elites religiosas de antão. Isto confunde acultura religiosa que reconhece alguns “donas” dos ditames de salvação, fazendo de um bem para todos, por malabarismo político-religiosos, patrimônio de alguns iluminados. É a festa de Pentecostes, é resgate do patrimônio de fé bíblica. Vale apenas viver esta festividade, pois o Espírito de nosso Deus não cabe em “forma” de ninguém, extrapola e age para além de nossos recintos predeterminados. A opção primeira de nosso Deus é a pessoa humana, em especial as mais fragilizadas, “exaltou os humildes” (Lc 1,52). Todas as torres de autoreferencialidade ruirão. Todos os libertos da escravidão do Egito juntar-se-ão ao pé do Monte Horeb para serem instruídos pessoalmente pelo Senhor. Não somos nós que determinamos o ser divino, mas ELE nos qualificará com os seus múltiplos dons, despejados abundantemente da montanha de Cruz.
“Nem sequer ouvimos dizer que existe o Espírito Santo” (At 19,2), contudo mergulhado nas águas do Batismo estamos envolvidos neste mistério onde todo homem é qualificado a viver o bem, a verdade, o belo. Como? O Espírito Santo nos qualifica e assim seremos um único corpo apesar de nossas muitas diferenças, Nesta ousadia somos chamados a rezar pela unidade dos cristãos que nunca viveram na uniformidade, mas na gratuidade dos diferentes, eis a glória do Senhor. Aqui a linguagem é a do amor, do respeito, todos a falarão.