José Carlos Martins da Silva
Coordenador da Cáritas Diocesana de Caicó
Coordenador estadual da Pastoral da Pessoa Idosa
O envelhecimento no Brasil passa por períodos de grandes transformações, seja no campo social, econômico, político, como também no campo religioso. Dentre essas mudanças, estão as relacionadas às dificuldades de mobilidade, o aparecimento das doenças, o afastamento ou perda das pessoas queridas, a redução da independência e autonomia de modo geral e a aposentadoria. São situações que nem sempre estamos preparados para vivenciar e que geram, muitas vezes, sofrimento, isolamento e até mesmo depressão entre as pessoas idosas. Todas essas situações têm se intensificado mais ainda durante o período de pandemia que nos assola.
Por fazer parte de um grupo com alto risco de contágio e agravamento dos sintomas da Covid-19, as pessoas idosas precisam ser observadas de perto nesse momento em que devem se manter afastadas ainda mais do convívio social. A solidão, que já era um problema para as pessoas idosas, se agrava ainda mais nesse contexto de pandemia. O confinamento tem desencadeado situações de estrese, desequilíbrio emocional e até mesmo de elevação dos casos de pressão. Para as outras faixas etárias esse isolamento tem sido um pouco mais fácil, tendo em vista o acesso e o uso das tecnologias e das redes sociais que promovem diversas formas de interação virtual.
Para a Igreja, no entanto, especialmente para a Pastoral da Pessoa Idosa, o isolamento não precisa aumentar o sentimento de solidão e abandono para as pessoas idosas, pois, mesmo que elas permaneçam em seus lares ou em Instituição de Longa Permanência sem receberem visitas de amigos e familiares, não devem ser impedidas da interação social e sua relação com as pessoas queridas não precisa (e nem deve) acabar. Por isso, umas das formas de enfrentar os desafios impostos pelo Coronavírus, é ligar ou fazer chamada de vídeo por dia para uma pessoa idosa. Pode ser para seu avô, avó, mãe, pai, tio, tia, que nesta hora precisa da solidariedade e união. Mesmo longe, um simples telefonema ou uma chamada de vídeo pode acalmar a pessoa idosa, permitindo que ela sinta o seu carinho e afeto. Para quem convive com a pessoa idosa, podemos observar os cuidados de distanciamento e higienização, colaborar com as suas necessidades materiais, valorizar a memória e a importância de cada um deles, escutando-o com carinho.
Não podemos esquecer de que as pessoas idosas são muito religiosas. Ajudá-los a assistir as transmissões das Celebrações Eucarísticas e orações diversas nas TVs e nas Redes Sociais são de extrema importância para mantê-los de bem com a vida. Nossas atitudes de vê-los sempre com um olhar bondoso e repleto de caridade como o que teve o bom samaritano. “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10, 33-34) deve ser constante.
*Artigo publicado na Revista Mensal A Ordem Revista da Fundação Paz na Terra – Ano LXVIII – Nº 50, julho 2020, pág. 10.