Pe. Manoel Pedro Neto
(Presidente da Cáritas Diocesana de Caicó)
“A necessidade de resolver as causas estruturais da pobreza não pode esperar; e não apenas por uma exigência pragmática de obter resultados e ordenar a sociedade, mas também para curá-la de uma mazela que a torna frágil e indigna e que só poderá levá-la a novas crises. Os planos de assistência, que ocorrem a determinadas emergências, deveriam considerar-se apenas como respostas provisórias. Enquanto não forem radicalmente solucionados os problemas dos pobres, renunciando à autonomia absoluta dos mercados e da especulação financeira e atacando as causas estruturais da desigualdade social (Bento XVI – 8.jan.07), não se resolverão os problemas do mundo e, em definitivo, problema algum. A desigualdade é a raiz dos males sociais” (EG 202).
No 25ª. Domingo do Tempo Comum, dia 23.set.18, foi proclamado o Evangelho de Mc 9,30-37. Jesus com seus discípulos atravessava a Galileia, moradia de marginalizados e excluídos, de lá nada de bom era esperado (cf. Jo 7,52). Ensinava aos discípulos e não queria que ninguém soubesse, seu ensinamento resgatava a proposta do Servo do Senhor, bem própria do Profeta Isaias. Só seremos homens livres se ousadamente formos a Jerusalém, a centralidade do mundo, mas falar e assumir as dores de todos os excluídos da mesa da cidadania. Tal atitude tem exigências: ser entregue nas mãos dos homens que o matarão, mas depois de três dias ressuscitará. Assim, chegaram a Cafarnaum, sabendo que roupa suja lava-se em casa, Jesus quer saber se os discípulos conversavam ao caminhar. Estavam longe do ensinamento do Mestre, pois buscavam saber quem seria o maior. Buscar ser o maior é entrar na dinâmica que cria exclusão, corruptos e corruptores. Temos de dizer não a tudo aquilo que cria concentração de poder, temos de optar pelos negados da sorte. Ninguém dá nada a ninguém, os ditos maiores querem engordar seus bens, e tem gente “doido” para tirar seu quinhão. Entrando neste jogo de buscarmos um maior, mais pronto, mais confiável, que responde a questões sociais com mais soldado, armas, balas, etc. é muito arriscado. A chance de acerto tem quem assume os negados, os excluídos, os sem teto, sem terra e sem trabalho, etc. No dizer de Jesus: “acolher em meu nome uma destas crianças”, pois são estes que estão com a “mão na massa” de nossa brasilidade, cidadania, etc. Estes criam a Pátria e soerguem o Brasil. Abrem espaços para o outro na mesa da casa comum, vivem EUCARISTIA, e não estão a explorar até a exaustão o que deve ser patrimônio de todos.
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