Pe. Manoel Pedro Neto
(Presidente da Cáritas Diocesana de Caicó)
Neste 28º Domingo do Tempo comum, ocorrido no dia 14.out.18, a Igreja na ousadia de Jesus Cristo põe diante dos cristão católicos em reunião eclesial a constatação: “Como é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus”, e o mesmo Jesus afirma com propriedade que “é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus”. Esta compreensão não é fluida, mas constatável em nossa realidade. Aos poucos fomos entrando neste jogo e chegamos à realidade atual. Corrupção, corrupto, violência, assaltos, insegurança, tudo isto que nos frustra e causa desengano, foi nos imposto aos poucos, paulatinamente fomos entrando neste jogo. No jornal “A Folha” da Diocese de Caicó, no. 33l, o Pe. João Medeiros fala de intolerância e cita Jean Paul Sartre que afirmava ser os outros “o inferno”. O outro está aí, mas o mesmo é a minha desgraça. Muito individualismo, “eu e minha cachorrinha os demais que se dane”. Este pensar tornou-se cultura e hoje está globalizado. Esta compreensão foi imposta aos brasileiros desde a colonização. Aqui africanos foram obrigados a fazer riquezas sem participar das mesmas, pois tudo era concentrado nas mãos dos ditos “donos” e neste processo entraram os degredados. Findou o regime escravocrata. Os escravos e com eles todas massas sobrantes foram jogados nos morros, nossas favelas e periferias atuais, tendo de fazer o mesmos serviços sob piores condições. Poucos presenciaram estas dores. E aqui esta a violência de base. Contamos quinhentos anos desta violência básica que já incrustamos em nosso substrato cultural. Como é difícil nesta estrutura criamos um mundo onde cada homem viva com dignidade e no grupo dos “sortudos” ninguém entra, não há espaço para os pequenos, os trabalhadores e é grande o número dos excluídos. Esta violência cria todas as outras que experimentamos. Como é difícil fazer diferente! Isto perdura até nossos dias, e concretiza-se em feminicídio, bancada “da bala, do boi e da bíblia”, mundo político a serviço do empresariado, cria-se a crença popular de que nossos problemas serão resolvidos com mais cadeias, mais soldados, etc. e até tem gente acreditando em “salvador da Pátria” negando a luta dos homens de bem deste país em luta constante para sobreviver nesta emaranhado de negações de direitos essências a nossa brasilidade e eclesialidade. Aqui bolsa família, bolsa escola favorece preguiçosos, salários dignos quebra o empresariado. Contudo auxilio moradia para juristas, favorecimento para empresários é cidadania. Com Jesus queremos afirmar: “Como é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus!” Esta dificuldade é tão alarmante que até aquele que deixam tudo um bocado de coisas “por causa de mim (Jesus) e do evangelho”, não sabem lidar com a promessa do Senhor Jesus de ser retribuído cem vezes mais. Oremos e supliquemos ao Senhor, pois só assim seremos revestidos de prudência e sabedoria e conseqüentemente compreenderemos melhor a realidade que nos envolve. Deste modo seremos diferentes e faremos o diferencial.