Pe. Manoel Pedro Neto
(Presidente da Cáritas Diocesana de Caicó)
Neste 21.out.18 nós, cristãos católicos, celebramos o 29º Domingo do Tempo Comum e nos foi apresentado as leituras bíblicas de Is 53,10-11, Hb 4,14-16 e Mc 10,35-45. Dois Discípulos de Jesus levantam-se e enfrentam-no: “queremos… Deixa-nos sentar uma à tua direita e outro à tua esquerda”. Jesus não se escandalizou, apenas ponderou que os mesmos não estão conscientes do pedido, mas acrescentou: “podeis ser batizado e beber o cálice que eu vou beber?” A resposta foi positiva. Jesus conhecendo o íntimo dos seus discípulos afirma a veracidade da decisão, embora reconheça que tudo vai acontecer a partir da relação do Discípulo com Deus. Os outros discípulos indignaram-se, pois o desejo de ser primeiro é bem próprio de todo ser humano. Os chamados “filhos do Trovão” (cf. Mc 3,17) enfrentam a realidade e se põe a serviço, enquanto os outros querem tirar uma “casquinha”. Nesta hora, Jesus entra para fazê-los crescer na Boa Nova que engrandece a pessoa humana e qualifica-o a tomar seu lugar no mundo humano. Confrontam-os com as corrupções, os jogos econômicos, as exclusões das multidões, os desrespeitos ao Estado de Direito, etc. tão comum em nossas atuais relações de brasilidade. “Os chefes das nações as oprimem e os grandes as tiranizam”. Não podemos entrar neste jogo, precisamos ser mais criativos e originais! A proposta de Jesus convida-nos a “ser servo” a nos fazer “escravo”. Isso dói nos ouvidos do homem cheio de autorreferencialidade, Eu em tudo e no máximo “minha cachorrinha”. Isso é “mundanidade” e tem favorecido multidões de excluídos da mesa da cidadania, têm nossas Eucaristias. Ao assumir a compreensão de menoridade, de serviço, os primeiros Discípulos de Jesus forçaram, no Império Romano, estruturas novas de relacionamento humano. Dele precisamos nos aproximar, pois é “um sumo-sacerdote eminente”, e “capaz de se compadecer de nossas fraquezas… pois provado em tudo como nós”. A proposta de Jesus é forjada nas lutas do Povo de Deus. Moisés aprendeu do Sogro Jetro, Davi foi tirado do pastoreio dos Rebanhos do seu pai, foi cantado pelo Profeta Isaias e Maria se faz serva e canta o seu Magnificat. Deste modo a Igreja vai se concretizando na realidade humana quando discípulos desenganados e desencorajados escutam muitos outros e abrem suas casas para o confidente da estrada da vida. Isto nos qualifica a cantar juntos: “Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, pois, em vós, nós esperamos!”.