
Pe. Manoel Pedro Neto – Tesoureiro da Cáritas de Caicó
“AS TREVAS COBRIAM O ABISMO” (Gn 1,2). Nosso Deus entra neste jogo para “dar ordens”, levando todas as coisas a uma organicidade tal que favoreça a vida. No sétimo dia descansou, pois ao criar o ser humano o qualificou para “dar nome” a realidade Cf. Gn 2,19). Toda criatura vem das mãos de Deus e o ser humano é o confiável, contudo a experiência atual é de muita degeneração, e podemos afirmar em nossos sextos dias: “era muito bom” (Gn 1,31) Assim o Documento de Aparecida diz: “Vivemos uma mudança de época, e o seu nível mais profundo é o cultural” (DAp 44).
Isto não nega o ser humano, ele continua instância determinante, este é o Projeto do nosso Deus. Todo processo de refazer tem de passar pelo ser humano, quer na sua dimensão masculina ou feminina, ancião, juvenil ou infantil, por isso com o salmista cantamos: “Ó Senhor, nosso Deus, como é grande vosso nome por todo o universo!” Esta compreensão é de fé e sapiencialmente afirma que a grande alegria de Deus é: “em estar com os filhos dos homens”. Esta fé questiona todos os nossos pessimismos e afirma que nossas tribulações geram constâncias, esta levam a virtude comprovada que desabrocha em esperança que não decepciona, pois o amor foi derramado em nossos corações. O ser humano foi envolvido do amor, é capaz de fazer e criar laços, sobe-se “feitor de relações” apesar de nossos descasos. O Senhor caminha conosco, e a última palavra é sempre dele. Nosso Deus sempre ordena à organicidade apesar de nossos caos.
Neste processo a pluralidade é presente e invade todo o universo, Nosso Deus, todo absoluto apresenta-se na pluralidade de Pai e Filho envolvido no mistério do Espírito Santo. Deste modo a menor partícula de todo o criado se faz na diversidade de prótons e elétrons integrados pelos nêutrons. Tudo está envolvido no mistério do relacionamento. Apesar dos muitos diferentes somos reconhecidos pela busca dinâmica da unidade. Eis a marca preponderante de nosso Deus, eis a possibilidade do toda criatura. Acolhamos o convite do Papa Francisco na encíclica programática Laudato Si e no Espírito de São Francisco cantemos: “Louvado sejas, meu Senhor” e neste gracioso cântico, recordemos a nossa casa comum. Assim “o mistério da Trindade nos convida a viver uma comunidade de iguais na diferença” (DAp 451). Os diferentes não nos deve amedrontar, mas nos enriquece, diz O Papa.