Pe. Manoel Pedro Neto – Tesoureiro da Cáritas Caicó.
INTROSPECÇÃO
Nesta quaresma fomos qualificados a entrar em nossas realidades, em nossas “Jerusaléns” e, ninguém pode ficar indiferente, especialmente os vindos das galileias, do mundo de exclusão. Se calarmos “as pedras gritarão”, e neste processo o Senhor é o nosso auxiliador. Por este motivo não podemos concordar com busca de um “bode expiatório”. Vamos enfrentar a realidade, pois chegou “a hora” e não é digno o fugir. Os “donos” da situação se confabulam (Herodes e Pilatos) e não querem se comprometer, entregando o caso à multidão que no seu dia a dia era acossada pela revolta e homicídio de muitos “Barrabás” aflorados, de uma sociedade que em vez de buscar o bem do cidadão busca respostas paliativas. Barrabás parece ser resposta daquele “grupinho” que segundo os evangelhos estavam cheios de inveja (cf. Mt 27,18; Mc 15,10) e como tal não são capazes de olhar a realidade dentro de um todo mais estrutural e orgânico, onde os negados da sorte sejam contados. Nesta perspectiva surge Simão “que voltado do campo”, aqui estamos nós, as multidões negadas, mas conscientes de estarmos atrás de Jesus, somos seus discípulos e não podemos ficar em fatos pontuais, mas ter um olhar mais abrangente e respostas mais inclusivas.
Meio dia, sol à pino, e, quando menos esperamos tudo começa a ficar confuso, as esperanças foram obnubiladas, as autoridades zombam, os soldados caçoam, os excluídos em suas dores tentam entender os fatos. Neste ínterim, o Homem pleno, desfigurado, grita fundo ao coração de todos os homens: “Pai, em tuas mãos entrego meu espírito”. E basta! O silêncio fala mais forte, assim o próprio oficial do exercito romano rende-se: “Este homem era justo!”. A todos que se abeirarem deste mistério, mistério de encarnação, urge “bater no peito” e tronar-se conhecido de Jesus e com Ele nunca se apassivar diante das negações humanas, mas sempre questionar o Deus que nos chamou a vida: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes? Rezemos o salmo 21 e entremos no PROJETO DE NOSSO DEUS. Olhando para a Cruz de Jesus, vislumbremos todas as cruzes humanas e assumindo-as teremos a certeza de que de nossos túmulos mal cheirosos, brotará mundo novo, pois nosso Deus e somente Ele é capaz de dar ordens aos nossos caos.
