Pe. Manoel Pedro Neto
(Presidente da Cáritas Diocesana de Caicó)
Desde que o ser humano foi expulso do Jardim do Éden, desde que o homem foi expelido do útero de sua mãe, a vida humana é sempre “tempo de angustia”. Apesar disto, a fé afirma que esta experiência não é definitiva e tem perspectiva de algo novo, são dores de parto (cf. Rm 8,22). Nosso mundo vive realidade difícil, isto está globalizado. Nós nos distanciamos do verdadeiro bem, não temos princípios norteadores que marquem nossa caminhada. Os valores primordiais deixaram de brilhar, em especial quando nos afastamos de Deus. O nosso Sol se obscureceu, apesar de todo esforço das religiões. A partir daí a pessoa humana foi deixada de lado, chegando a ser incontável no jogo do mercado. Todo empenho está em salvar o dinheiro, e os demais só valem enquanto estão ao seu serviço, inclusive o ser humano e a nossa casa comum. Como afirma o Papa Francisco em sua mensagem para o Segundo Dia Mundial dos Pobres; “Somos chamados a encontrar-se com as diversas condições de sofrimento e marginalização em que se encontram tantos irmãos e irmãs nossos que estamos habituados a designar com o termo genérico de ‘pobres’”. O grito desta multidão será ouvido por Deus, apesar de nossa indiferença, estenderá as mãos na hora certa e precisa, que não cabe a ninguém saber. A mensagem do Papa tenta apresentar as causas da pobreza reinante: “A pobreza não é procurada, mas é criada pelo egoísmo, pela soberba, pela avidez e pela injustiça”, e diz mais: “as amarras da pobreza são quebradas pelo poder da intervenção de Deus. Miguel se levantará e o seu povo será salvo. O Filho do homem tomará seu lugar e reunira os eleitos de Deus. A realidade já fala desta possibilidade, basta observar as multidões decididas em fazer dignidade, em comer com o “suor do rosto”,etc.etc. Neste processo “cada cristão e cada comunidade são chamados a ser instrumento de Deus ao serviço da libertação e promoção dos pobres, para que possam integrar-se plenamente na sociedade; isto supõe que sejamos dóceis e atentos, para ouvir o clamor do pobre e socorrê-lo” (EG 187). Assim, como povo em caminho, cantamos: guardai-me, o Deus, porque em vós me refúgio!
Foto: Ateliê 15